Catar: Amar Não é Crime

Este ano, o Catar recebe a Copa do Mundo. Isso vai colocar o país em destaque no mundo todo. Também vai entrar em destaque o péssimo histórico de direitos humanos do país.

O Catar se apresenta como uma nação moderna – só que é muito perigoso ser LGBT+ por lá.

É mais importante do que nunca nos juntarmos pra exigir que a FIFA e o Catar cumpram com os princípios da Copa do Mundo: orgulho, inclusão e diversidade.

Vidas LGBT+ dependem disso.

As vozes das pessoas LGBT+ do Catar

O Catar se apresenta como um lugar com um estilo de vida moderno e cheio de glamour. Mas, pra muita gente, isso não passa de uma miragem – especialmente pras comunidades LGBT+ do país, que precisam viver escondidas.

Ser LGBT+ no Catar significa estar sempre em estado de alerta – por sua saúde, segurança e até mesmo por sua vida.

Mas algumas pessoas LGBT+ do Catar estão encontrando maneiras de se manifestar, compartilhar suas histórias e lutar pelo seu direito de expressão.

Escute as pessoas LGBT+ do Catar contando suas histórias de sobrevivência e resiliência.

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* Aviso: Os depoimentos abaixo são de pessoas LGBT+ do Catar. Algumas delas ainda estão no país, outras conseguiram fugir. Por segurança, os relatos são compartilhados de forma anônima, com vozes de outras pessoas, e trazem informações, em primeira mão, sobre como é a vida das comunidades LGBT+ no Qatar. As histórias contém relatos de violência. Aconselhamos discrição ao escutar.

Nas Mohamed é a primeira pessoa do Catar a revelar publicamente que é LGBT+. Ele fez isso de forma corajosa, em uma entrevista exclusiva à BBC. Desde então, Nas vem defendendo as comunidades LGBT+ do Catar e compartilhando sua história pra inspirar pessoas LGBT+ em todo o mundo.

Fatima é uma mulher trans de 30 anos que vive na capital do Catar, Doha. Ela nos conta sobre a dificuldade pra encontrar recursos pra realizar sua transição e sobre a violência constante que enfrenta.

Noora é lésbica e é forçada a se esconder, sem poder viver sua vida aberta e orgulhosamente. Ela compartilha sua luta contra a ansiedade e a depressão, enquanto espera que ninguém descubra sua verdade.

Khaled sempre soube que era diferente, mas pensava que estava sozinho no Catar. Depois de ver uma pessoa do seu país revelar que é gay na TV, na frente do mundo todo, ele começou a sentir um pouco de esperança no futuro.

Faisal performa a arte drag no Catar há quase cinquenta anos. No entanto, após um violento incidente com a polícia à paisana do país, Faisal luta contra o estresse pós-traumático e os pensamentos suicidas.

Quer fazer um gol pela liberdade?

A homossexualidade é ilegal no Catar. As penas pra pessoas condenadas variam entre 3 e 5 anos de prisão, mas podem chegar até à pena de morte.

Como um país tão LGBTfóbico pode realizar um campeonato mundial de futebol que seja seguro pra todas as pessoas?

Pessoas LGBT+ que visitam o Catar já estão recebendo instruções do governo do país pra que evitem demonstrações públicas de afeto. O governo poderá até confiscar bandeiras do arco-íris "para a proteção" de quem for torcer.

Este tipo de recomendação não parece levar em conta os valores que a FIFA supostamente defente, de orgulho, inclusão e diversidade...

Vamos dizer à FIFA e ao Catar que amar não é crime?

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Para Gianni Infantino (presidente da FIFA) e Sheikh Mohammed bin Hamad bin Khalifa al-Thani (Chefe do Comitê Organizador)

A Copa do Mundo de futebol é muitas vezes um símbolo de orgulho, diversidade e respeito. Esses são valores que unem times e torcidas de todo o mundo. No entanto, a Copa do Mundo de 2022 está falhando em incorporar esses valores.

Em vez de celebrar a beleza de todas as pessoas do Catar, a comunidade LGBT+ do país está sendo forçada, junto com pessoas LGBT+ fãs de futebol do mundo todo, a abrir mão de sua autenticidade. Enquanto isso, a Copa do Mundo está reforçando o fato de que catarenses LGBT+ devem viver nas sombras, escondendo suas verdadeiras identidades e temendo por sua segurança e liberdade. Não é por isso que a Copa do Mundo deveria ser reconhecida.

Não há vergonha em ser humano. O amor não é um crime.

Por isso, exigimos, conforme evidenciado pelo histórico progresso em Direitos Humanos que a Copa do Mundo de futebol tem abordado ao longo do tempo, que a direção da FIFA atue hoje para pressionar o governo do Catar a atender a duas demandas simples em relação à comunidade LGBT+:

1) Garantir a segurança de todas as pessoas LGBT+ que viajam para o Catar para a Copa do Mundo de 2022 ao descriminalizar a homossexualidade. Ninguém deveria viajar para ver os jogos da Copa do Mundo com medo.

2) Revogar permanentemente o Artigo 296 e outras legislações discriminatórias para que todas as pessoas LGBT+ do Catar tenham a chance de viver abertamente, livremente e com segurança. Assim como visitantes durante a Copa do Mundo, todas as pessoas LGBT+ do Catar devem ter o direito de viver com liberdade de autenticidade.

FIFA e Catar: o mundo está de olho. Agora é a chance de vocês de mostrar que a FIFA e o Catar carregam os valores de um mundo moderno, onde o amor não é crime – não apenas este ano, mas sempre.

E tem mais!

O mundo inteiro para pra assistir à Copa do Mundo. É um campeonato que reúne talentos do futebol e times de diversos países, lideranças de várias áreas e grandes empresas do mundo todo.

Agora é a hora de cobrar responsabilidade de toda essa galera.

E tem muitos jeitos de você mostrar seu apoio!

Chama o VAR pra ver esse lance da FIFA!


A FIFA descumpriu os seus próprios padrões e regras ao selecionar o Catar como país-sede da Copa do Mundo de 2022. Precisamos cobrar responsabilidade!

Será que isso a Globo vai mostrar?

Aqui no Brasil, a Globo terá mais de 300 horas de programação pra cobrir a Copa. Quantas serão destinadas a falar sobre os abusos dos direitos humanos das pessoas LGBT+ do Catar?

Quer começar sua própria campanha para apoiar as pessoas LGBT+ do Catar? Que tal exigir um posicionamento de diferentes autoridades brasileiras pra começar? Ou então cobrar de anunciantes que apoiem causas LGBT+?

Atualizações
8 DE JUNHO DE 2022:


Após revelar-se LGBT+ publicamente em uma entrevista à BBC, Nas Mohamed lançou uma campanha na plataforma de abaixo-assinado da All Out para pressionar a FIFA e o Qatar pela descriminalização da homossexualidade no país.

15 DE JUNHO DE 2022:


Oficiais da FIFA responderam às oito demandas principais de uma coalizão de organizações LGBT+, mas não apresentaram planos ou ideias concretas para oferecer proteção nem às pessoas LGBT+ quem visitem o país, nem às que moram lá.

Fifa tweet
26 DE JUNHO DE 2022:


A FIFA twitta seu apoio aos direitos LGBT+ e à promoção do mês do Orgulho, ignorando seu próprio patrocínio à homofobia sancionada pelo Estado no Catar.

1º DE JULHO DE 2022:


A All Out subiu ao palco com a braba Luisa Sonza pra divulgar a situação perigosa que as pessoas LGBT+ enfrentam no Catar e pressionar a FIFA pra garantir a segurança de todas as pessoas no país.

11 DE JULHO DE 2022:


No Oriente Médio, grupos LGBTfóbicos lançaram uma campanha chamada "Fetrah" – que significa "instinto natural" em árabe – contra o mês do Orgulho. A campanha viralizou, chegando a ser bloqueada pela Meta, o que inclui Facebook e Instagram.